... e era o que fazíamos. O que agora é tido por uma determinada elite, como sendo fundamental na educação das crianças, para o desenvolvimento da criatividade, para que tenham brinquedos realmente brinquedos, para que sejam crianças realmente crianças, para que tenham contacto com texturas, para que brinquem com as cores, para que tenham gosto pelos objectos, para que não passem horas em frente à televisão, para que à noite estejam exaustas e se deitem cedo e felizes, para que acordem igualmente cedo e cheias de energia e ideias para o dia..., mães a deixarem uma carreira promissora, para estarem em casa com os filhos na idade fundamental ao seu desenvolvimento..., não é novo para mim, mas fico feliz que assim seja. Espero que de uma pequena elite se estenda a uma maioria esclarecida que bem é precisa neste país à beira do colapso..., sem dinheiro, sem valores e sem-vergonha.
A minha mãe não trabalhava (era doméstica, como se dizia na época) e fazia lindas camisolas, cachecóis, gorros, sapatinhos para dormir, bonecos, tudo em lã. Eu dizia na escola que a minha mãe sabia fazer todos-os-pontos-do-mundo e ninguém acreditava. Um dia contei em casa que os meninos não acreditavam e a minha mãe disse: "pois não filha..., então a mãe sabe fazer todos os pontos do mundo?" - "Sabes, sabes, porque tu vez nas revistas ou na televisão e consegues fazer o ponto novo!" Embora não tivesse aprendido, a minha mãe também fazia a costura de casa, e para isso valia-se dos moldes da "Burda" e nós adorávamos decalcar e recortar os moldes, que depois a minha mãe colocava em cima do pano com preceito e desenhava a giz turquesa sobre o tecido. Enquanto isso nós cortávamos roupa para as bonecas, cosíamos, bordávamos, fazíamos pintainhos de pompons de lã, desenhávamos, pintávamos, fazíamos croché, e tantas, tantas outras coisas...